sábado, 19 de abril de 2014

Desbravando os Lençóis Maranhenses: Roteiro Atins

Olá leitores! Como prometido escrevo a vocês um roteiro para desbravar o Maranhão. Vou comentar os hotéis, passeios, e claro os restaurantes que frequentei nessa viagem. Começo nossa aventura pela “porta” do Maranhão, o aeroporto de São Luís. É um aeroporto pequeno, o saguão é pititico mesmo, e possuem algumas lojas mais conhecidas como Subway (24h), A Casa do Pão de Queijo, quiosque do Bob´s e duas livrarias Leituras. Os preços não são tão abusivos como os cobrados em aeroportos como os de SP, RJ e DF.
Chegamos em SL 02:10 da manhã e ficamos aguardando até às 05:30h o transporte para Barreirinhas. 05:30 em ponto a van da Fanttur* chegou e seguimos viagem para Barreirinhas. A saída de SL é infelizmente bem descuidada, não espere grandes coisas. Passamos na frente do presídio de Pedrinhas e percebemos o descaso que o estado do Maranhão vive. Umas 07:30h paramos por uns 20 minutos no restaurante Pedra Grande para tomar café – R$10 p/ pessoa com buffet liberado. 


O caminho até Barreirinhas é lindo, cheio de riozinhos que cortam a paisagem, e casas com telhados de buriti. O problema é o contraste da pobreza e do descaso com os habitantes das vilas com a belíssima paisagem natural. Chegamos mais ou menos umas 09:20h em Barreirinhas. O moço da van nos deixou na rua onde pegaríamos uma Toyota para seguir para Atins. Tempo total de viagem: aproximadamente quatro horas – R$45 p/ pessoa. 
Perdemos a Toyota de 09:00h por questão de minutos, e tivemos que aguardar até 12:30h para pegar a próxima. Enquanto esperávamos ficamos andando pela cidade, conhecemos o cais e algumas lojinhas de artesanato e já agendamos nossos passeios de Barreirinhas (depois de voltar de Atins). Às 12:30h saímos de Barreirinhas e mal sabíamos o que nos esperava... começava a “aventura”.


Atravessamos a balsa do Rio Preguiça e após uns 20 minutos de trilha a Toyota quebrou, pois entrou água no eixo (bem depois de atravessamos uma poça bem funda). O moço que estava com a gente começou a nos explicar que por causa das chuvas o rio que passa pelo caminho que atravessa a estrada de Atins estava muito cheio e estava tudo alagado. E agora? Não dava mais para voltar para Barreirinhas..o jeito era seguir em frente! Após uns 40 minutos os meninos que estavam dirigindo a Toyota conseguiram arrumar o eixo e seguimos viagem.





15 minutos e muitos “pequenos riachos” para atravessar depois, a Toyota que seguia junto conosco quebrou também! Ai papai! Paramos de novo por causa de problemas no radiador... dessa vez foi mais rápido, uns 20 minutos. E lá vamos nós novamente... Era tanta água, mas tanta água que chegava a lavar nossos pés, e olha que a caminhonete era bem alta! Lá pelas 16:00 horas nossa Toyota quebrou de vez! Tínhamos um rio bem a nossa frente para atravessar... bom, o jeito foi colocar a mala na cabeça e atravessar a pé mesmo, a água passou da minha cintura...! Penduramos (no sentido literal) nossas malas na outra Toyota já lotada e nos esprememos para caber. E lá vamos nós... A fome nesta hora já estava indescritível...eu só pensava, porque não comi mais uma tapioca naquele café da manhã..?! Bem, mas não deu 15 minutos de trilha e nós, quase chegando em Atins (faltavam uns 20 minutos de trilha), atolamos em um pedaço bem alagado próximo a casa de farinha de um povoado. E aí?! Deeeeesce todo mundo e tira tudo da Toyota, todos os homens empurram e mulheres tiram as coisas. Nesse momento a situação já estava tão desesperadora que eu só fazia era rir mesmo. E a chuva só aumentava, quando de repente apareceu uma senhora muito simpática, chamada Zezé, que nos convidou para entrar em sua humilde casa. Uma casa simples, de pescadores, que praticamente só tinha redes, mas que com certeza era lotada de muito amor e humildade com o próximo. Ela nos recebeu com tanto afeto que nem consigo explicar, nos ofereceu café, arrumou um local para sentarmos e ligou (se nem mesmo pedirmos) para o dono da pousada que ficaríamos para que ele nos buscasse com sua Toyota. Pois bem, o “Irmão” – apelido do dono da Pousada do Irmão chegou depois de uns 20 minutos e nos “resgatou”. Nos despedimos do pessoal e da Zezé com muita gratidão. Atravessamos o igarapé e a água bateu no vidro da Toyota...o que importa é que passamos! Conclusão, demoramos 6 horas em um viagem de demora 1:30..2:00h no máximo. Mas como tudo na vida tem o seu lado bom, ganhamos uma aventura grátis, conhecemos a população local e a fabricação artesanal de farinha de mandioca na casa da Zezé... Perdemos um dia de passeio em Atins, mas ganhamos uma experiência para a vida toda na estrada.





Com a fome e o corpo já pedindo arrego pedimos a janta na Pousada do Irmão**. Pagamos R$ 18 reais por um prato individual, porém muito bem servido de arroz, feijão branco, postas de peixe frita e salada com adicional de uma salada grande (R$8), duas tapiocas (R$4) e dois sucos (R$8). O feijão e o peixe estavam deliciosos...recomendo! Para quem for ficar em Atins, o restaurante da Pousada é aberto ao público e possui preços bem acessíveis. Total: R$ 38 p/ duas pessoas comerem bem e um alívio de finalmente colocar algo delicioso no estômago.
No dia seguinte levantamos cedo para procurar um guia para ir até o Canto do Atins e para tomar um café reforçado. O café da manhã da pousada é simples, pois o acesso é tão complicado que você não encontrará grandes luxos como cafés gigantescos e cheios de frescurites. Por mais simples que seja o café sustenta, pois servem frutas, um tipo de pão de sal, manteiga, um tipo de bolo, tapioca com manteiga (muito gostosa por sinal!), ovo mexido, um tipo de suco, chá, café e leite.



Uma dica importante. Se for fazer trilha a pé com guia coma sem dó! Esqueça o regime... a caminhada é longa (quase 3h embaixo de sol quente subindo e descendo duna) até o restaurante mais próximo dos lençóis que é no Canto do Atins.
Conseguimos um guia pedindo informações para os locais. Quando estiver lá pesquise um pouco os preços, pois na pousada queriam quase cobrar o dobro do que pagamos por um guia. O nome do guia é Chico (pergunte por ele que lhe mostraram onde é sua casa e como encontrá-lo). Além de passeios a pé ele também oferece passeios com cavalos e faz a travessia de três dias até Santo Amaro. Pagamos $30 p/ pessoa para que nos levasse até o Canto do Atins (com parada no restaurante do Antônio – almoço não incluso). Saímos um pouco tarde (por volta de 10:30h). Isso acabou atrasando um pouco o passeio, mas nada tão grave assim. Conseguimos uma carona até quase o pé da duna, e só nisso deixamos de caminhar por meia hora (eita sorte!).
O passeio é maravilhoso - para quem gosta de ficar em contato direto com o meio ambiente e ao ar livre. Dá para ver de perto e de forma mais lenta do que de dentro de um carro. Você tem vista das belas lagoas, e da praia de Atins bem ao fundo. É inexplicável de tão bom! Demoramos mais ou menos duas horas para chegar até o restaurante do Antônio, pois paramos para nos refrescar em uma lagoa. Abuse do protetor solar (sério!), o sol de lá é muito quente, e piora muito por refletir na areia branca. Como sou muito branca passei de 20 em 20 minutos e tive que colocar uma toalha nas costas e na cabeça em um certo momento da caminhada. Indico comprar aquelas camisetas de manga comprida fresquinha que os corredores usam (ajuda demais a não pegar uma insolação!).






Finalmente chegamos ao restaurante do Antônio, já bem ansiosos pelo famoso camarão grelhado na brasa com molho secreto. Como viajei em baixa temporada encontrei os lençóis e o restaurante só para mim...quase que passeio vip (rs). Fizemos o pedido, meia porção de camarão grelhado e meia porção de filé de peixe grelhado (sugestão do guia Chico), e enquanto aguardava tirei a areia em uma ducha com água bem gelada para espantar o calor. Quando o prato chegou meu coração quase pula de tanta felicidade. Comida linda, muito bem servida e bem temperada. R$ 60 p/ duas pessoas comerem muito bem! Valeu cada passo no sol quente para chegar a esse restaurante. Esse passeio, com parada estratégica para almoçar ou jantar, no restaurante do Antônio é imperdível.








Com a barriga cheia, deitamos um pouco na rede e ficamos lá jogando conversa fora com o nosso guia gente boa por mais ou menos uma hora. Pagamos a conta e pegamos novamente o caminho das dunas, dessa vez fazendo um “arrodeio” para conhecermos mais algumas lagoas e voltarmos para Atins beirando a praia.












Chegamos umas 17:50h, exaustos...mas muito satisfeitos! Depois de tomar banho cai na cama e acordei só para o café da manhã seguinte.
Ficamos na Pousada do Irmão, é uma das mais movimentadas de Atins. Oferecem passeios, restaurante aberto ao público e quartos com TV e ar condicionado (acredite..o Maranhão é muito quente! Um ar condicionado para dormir bem é um item de luxo necessário na região). Os quartos são confortáveis, com detalhes em madeira e mosquiteiro nas janelas. Esqueça a água quente, lá nenhuma pousada possui essa mordomia, mas como o clima é super quente, o banho gelado acaba tornando-se agradável. Pagamos R$160 na diária para quarto duplo com ar e TV (baixa temporada). Os outros apartamentos sem ar saiam pela faixa de R$125 a R$140. O dono (Irmão) é bastante atencioso e nos deu carona para vários lugares. Só tome cuidado ao comprar pacotes da sua pousada, pesquise um pouco primeiro antes de fechar negócio por lá..os preços podem ser um pouco abusivos em algumas circunstâncias.









Acordamos um pouco tarde, então tomamos um café rápido e demos um pulinho na praia de Atins – famosa pela prática de kitesurfing. Demoramos uns 6 minutos para chegar seguindo por umas ruazinhas de areia alagadas. A praia estava deserta e a maré baixa formava uma lagoa natural sem ondas - muito extensa, rasa e quentinha, perfeita para banho. Curtimos um pouco por lá, tiramos algumas fotos e voltamos para arrumar nossas coisas para partir para Barreirinhas.







Uma outra dia essencial é a de que em Atins tudo é pago com dinheiro. Lá não aceitam cartão, e muito menos tem sinal de celular ou internet. O único telefone é o da Pousada mesmo... Por isso, ao viajar para lá, saque dinheiro suficiente para pagar a hospedagem, alimentação e passeios. Como tivemos muitas dificuldades para chegar de Toyota, e como todas as linhas por terra estavam interrompidas por causa da enchente, resolvemos pagar um pouquinho mais e voltar para Barreirinhas de barco motorizado (lá eles chamam de Voadeira). Custou R$50 p/ pessoa, com duração de 1h até Barreirinhas. Além de ser mais rápido, o trajeto de volta foi um verdadeiro passeio turístico, pois além da paisagem ser belíssima, conseguimos avistar o Farol de Mandacaru, algumas vilas de pescadores e a praia de Caburé.






*Fanttur:
Contato:
- E-mail: fanttur.turismo@hotmail.com 
- Telefones: 55 (98) 3082 3300/  55 (98) 8876 1610

** Pousada do Irmão:
Contato:
Telefones: (098) 3349-5013 / 8864-4288 (oi) / 8822-5820(oi) / 91816629(vivo) / 8195-5314 (tim) 

Obs: reserva dos quartos com ar só por meio de e-mail direto e pagamento antecipado de 50% da diária. Nos sites como o booking este quarto não está disponível. 

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